Para Aldo Vendramin, o Cavalo Crioulo é mais do que um animal de trabalho — ele é um verdadeiro símbolo da cultura e da identidade do sul do Brasil. Com origem que remonta às Missões Jesuíticas, essa raça foi moldada pelas necessidades do campo e pelo ambiente hostil das planícies sul-americanas. Hoje, o Cavalo Crioulo é destaque em competições de resistência, provas campeiras e manifestações culturais que celebram as raízes gaúchas.
Mas como ele surgiu e conquistou esse prestígio? A seguir, mergulhamos na trajetória desse cavalo emblemático.
Como surgiu o Cavalo Crioulo nas terras sul-americanas?
A história do Cavalo Crioulo começa no século XVII, com a chegada dos colonizadores espanhóis e portugueses ao Cone Sul. Eles trouxeram cavalos da Península Ibérica, que acabaram se espalhando pelo território das Missões Jesuíticas, especialmente na região entre os atuais Brasil, Argentina e Uruguai. Com o abandono de algumas dessas áreas, muitos cavalos fugiram ou foram deixados livres, passando a se reproduzir naturalmente no campo.

Ao longo dos séculos, os cavalos que melhor se adaptavam ao clima, à escassez de alimento e aos terrenos acidentados sobreviviam e deixavam descendentes. Assim, como elucida o senhor Aldo Vendramin, surgiu uma linhagem extremamente forte e resistente, capaz de percorrer longas distâncias e suportar as adversidades do ambiente. Essa base genética deu origem ao que conhecemos hoje como Cavalo Crioulo.
Por que o Cavalo Crioulo é tão valorizado no campo?
A principal razão para o prestígio do Cavalo Crioulo é sua impressionante resistência física. Ele é capaz de trabalhar por horas sob sol intenso, frio rigoroso e em terrenos desafiadores — atributos essenciais para a lida campeira. Sua agilidade, docilidade e inteligência também facilitam o manejo do gado, tornando-o o parceiro ideal para o trabalho rural. Além disso, como aponta Aldo Vendramin, é uma raça que exige pouca manutenção, o que representa economia para o criador sem abdicar da performance.
Outro aspecto valorizado é a versatilidade. O Cavalo Crioulo se adapta facilmente a diferentes tarefas do campo, desde o transporte de cargas até a apartação de gado em currais. Sua estrutura corporal compacta e musculosa proporciona equilíbrio e explosão de movimentos, qualidades que também o tornam excelente para provas funcionais. Esses atributos reforçam sua imagem como cavalo completo — um verdadeiro ícone do homem do campo, especialmente no sul do Brasil.
Como o Cavalo Crioulo se tornou símbolo cultural e esportivo do gaúcho?
Segundo Aldo Vendramin, a relação do Cavalo Crioulo com a cultura gaúcha vai além da utilidade no trabalho. Ele é presença marcante em rodeios, cavalgadas, desfiles tradicionais e, sobretudo, nas competições da Freio de Ouro, considerada a maior prova de funcionalidade equina da América do Sul. Essas disputas avaliam resistência, obediência, agilidade e habilidades em lidas campeiras, destacando os melhores exemplares da raça.
O Cavalo Crioulo está profundamente ligado à identidade e ao orgulho gaúcho. Sua imagem aparece em estandartes, músicas, vestimentas e em toda a simbologia tradicionalista. Para os criadores e cavaleiros, ele representa uma herança viva, que atravessa gerações. A valorização da raça impulsionou a criação de associações, registros genealógicos e programas de melhoramento, garantindo a preservação de suas características e fortalecendo seu papel como patrimônio cultural do sul do Brasil.
Em suma, a trajetória do Cavalo Crioulo é marcada por resistência, adaptação e conexão profunda com a história do campo sul-americano. Desde as Missões Jesuíticas até os rodeios modernos, essa raça se firmou como símbolo de força, tradição e identidade cultural. De acordo com o empresário Aldo Vendramin, mais do que um cavalo de trabalho, ele é o reflexo de uma cultura que valoriza suas raízes e honra seu passado.
Autor: Kinasta Balder